Importante refletirmos... O meu filho com certeza não era um anjo como eu o
chamava... quem convivia com ele sabia bem...tinha inúmeras imperfeições e
quedas...mas observando seu exemplo de vida, que além de não fumar, beber, comer comidas pesadas, gordurosas e carnes, guardar mágoas e raiva, adorar farras e outras opções comuns aos jovens de hj e de sempre...se dizer
ateu ou agnóstico (ele ainda não tinha definido bem seu rótulo,rsrsrs)...deixou
um legado de afeto, sinceridade, amizade e amor que temos dificuldades em
perceber em nós, declarados religiosos...seu respeito às diferenças e sua tranquilidade
em filosofar e conversar e expor suas percepções com tanta naturalidade, deixa
clara sua maturidade perante o ciclo natural da vida e a percepção de que tudo
é como deve ser...somos o que somos e é nossa responsabilidade mudar ou não...o
mundo é o que é, pq ainda precisa ser assim...precisamos de tudo o que nos
acontece...Dizia não acreditar em Deus e demonstrou uma compreensão e aceitação
dos desígnios divinos que a grande maioria de nós ainda não alcança...Será que
vale a pena brigarmos tanto para provar quem está certo ou errado...ou será
mais sábio aprendermos a respeitar e aceitar a vida e as pessoas como são?!!! Muitas vezes, apesar de sua alegria, ele se sentia melancólico e
saudoso...inconformado com a hipocrisia e a ignorância, ao mesmo tempo que
dizia que sabia que era assim porque tinha que ser...Ele se sentia deslocado e
apesar de pertencer a todos os grupos, não conseguia encontrar iguais em
maturidade de percepção da vida...Conversar com ele era uma loucura...Tudo é
nada e nada é tudo...rsrsrs Amava a perfeição da natureza e a ordem natural das
coisas...queria desafios de argumentação e aprendizado...Me pergunto: O que
estamos deixando passar em branco, já que não conseguimos aceitar as coisas e
pessoas como são, sendo tão religiosos?!!! O que é a fé? Temos realmente fé? Se
temos... temos fé em que... se tudo o que comunicamos é revolta e
agressividade?!!!...Nos apresentamos com nossos rótulos religiosos ou
acadêmicos, pregando verdades absolutas e inquestionáveis... mas como estão
nossas atitudes, nossos relacionamentos, nossas percepções, compreensões e
aceitação dos desígnios naturais da vida?!!!!!!! Meu filho partiu dessa vida aos 28 anos, nos deixando um legado, muito bem exemplificado e vivenciado, de bem viver...Deixou suas obras e exposição de pintura, suas tatuagens em nossos corpos, suas poesias, sua linda voz em belas canções nos Karaokês da vida, suas figurações em filmes e comerciais, sua facilidade no aprendizado de novas línguas, uma percepção grandiosa da vida e sua habilidade em acumular conhecimentos variados e em filosofar em tempo integral...Mas, principalmente, nos deixou as deliciosas lembranças de sua sinceridade e alegria inigualável...E um lindo exemplo de aceitação e gratidão pela Vida...
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